No último dia 10 de setembro foi inaugurada a exposição ArteFatos Indígenas no Pavilhão das Culturas Brasileiras , no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A exposição, organizada pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo apresenta as novas coleções de artes indígenas adquiridas para integrar o acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras. Este novo espaço cultural, inaugurado no ano passado, propõe a inserção da produção indígena contemporânea no universo das artes brasileiras, ao lado das artes populares, do design popular e de todas as expressões culturais brasileiras sub-representadas nos museus brasileiros. Produzida pela empresa ARX Gestão Cultural, a exposição teve com curadoria de Cristiana Barreto e Luis Donisete Benzi Grupioni e cenografia de Kátia Huertas.
A exposição – O título da exposição chama a atenção para a ambigüidade com que a produção indígena tem sido tratada em mostras e museus, ora vista como arte, ora vista como artefato etnográfico. Esta exposição propõe um olhar mais aprofundado sobre os objetos indígenas enfatizando o processo de “fazer com arte”, característico da produção artesanal indígena, e a relação entre este fazer e a salvaguarda de conhecimentos tradicionais. . Entre esses povos, não se separa o belo do útil, não se separa arte de artefato. É uma produção que nos lembra a capacidade estética que tem toda criação humana, de agir e transformar o mundo. Organizada em módulos que correspondem a diferentes povos indígenas, a exposição salienta a diversidade das tradições estéticas indígenas e a importância da manutenção destas tradições na produção contemporânea em novos processos de reafirmação de identidades indígenas específicas ou regionais.
Ao todo são apresentados 269 artefatos indígenas contemporâneos produzidos por 12 povos indígenas do Amapá, Pará e Mato Grosso. Objetos rituais e de uso cotidiano, como máscaras, ornamentos corporais, cerâmicas, trançados, tecidos, cuias, esculturas de madeira e bancos ilustram diferentes tradições estéticas dos povos Wajãpi, Galibi, Palikur, Karipuna, Galibi-Maworno, Tiriyó, Kaxuyana, Wayana, Aparai, Asurini, Kayapó e Kayapó Xikrin. Com exceção de poucas peças pertencentes ao acervo da Secretaria de Cultura de São Paulo, todas as demais foram adquiridas recentemente de artesãos indígenas no Amapá e no Pará. O Iepé colaborou com a Secretaria de Cultura de São Paulo adquirindo peças diretamente de artesãos indígenas no Amapá e por meio de algumas de suas associações representativas, como do Apina e da Apitu. Além da aquisição e identificação de peças, o Iepé colaborou com a cessão de vídeos e fotos dos povos do Amapá e norte do Pará, apresentados na exposição.
Inauguração – A inauguração da exposição contou com a apresentação de quatro artesãos indígenas do Oiapoque, que vieram a São Paulo, especialmente convidados para o evento. Bernadette dos Santos e Deuzimar Maciel (Karipuna), Domingos dos Santos e Edimildo dos Santos (Galibi-Marworno), juntamente com Marlui Miranda, fizeram intervenções durante a inauguração, mostrando músicas cantadas durante o Turé, ritual praticado entre os povos indígenas do Oiapoque, e um dos destaques da exposição. Ainda na inauguração, os artesãos do Oiapoque entregaram ao Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil, quatro chapéus de plumas que também integrarão o novo acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras.
A exposição permanecerá aberta ao público até o final do ano, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, Parque do Ibirapuera, São Paulo.