O Programa Tumucumaque foi criado em 2006, tendo como foco inicial ações de valorização cultural junto aos povos oficialmente reconhecidos como Tiriyó, Katxuyana, Aparai e Wayana que vivem no chamado Complexo Tumucumaque, que compreende duas Terras Indígenas (TIs) contíguas entre si, situadas no extremo norte do Pará: as TIs Parque do Tumucumaque e Rio Paru d’Este.
Desde 2012, a agenda do Programa Tumucumaque (PTMC) se estendeu aos povos que vivem em 3 TIs também contíguas entre si, que constituem o chamado Complexo Trombetas (as TIs Trombetas-Mapuera, Nhamundá-Mapuera e Kaxuyana-Tunayana, situadas ao noroeste do Pará e divisas com Amazonas e Roraima), ampliando a área de atuação do programa para 5 TIs que formam um Corredor de Terras e Povos Karib quase contínuo, de cerca de 11 milhões de hectares.
Assim, além dos povos já citados, o PTMC atualmente desenvolve ações junto aos povos oficialmente reconhecidos como Txikiyana, Waiwai e Hixkaryana, dentre outros tantos yanas (gente/povo) pertencentes à família linguística Karib, originários da região.
A ampliação do escopo de atuação do PTMC foi resultado da agenda de apoio ao fortalecimento dos processos de redispersão e ampliação da ocupação das TIs, e de retomada territorial e demanda pela regularização fundiária da TI Kaxuyana-Tunayana. Os processos foram encabeçados pelos Katxuyana, Tunayana, Kahyana, entre outros povos igualmente Karib, originários da região central do norte do Pará.
Ao longo dos anos 1950 e 1960, devido a circunstâncias históricas e políticas, esses povos se viram obrigados a deixar seus lugares de origem (área hoje demarcada como TI Kaxuyana-Tunayana) e a viver afastados dali, seja a leste nas TIs Parque do Tumucumaque e Paru d’Este, seja a oeste no interior das TIs Trombetas-Mapuera e Nhamundá-Mapuera, ou ainda, mais ao norte, no outro lado da fronteira do Brasil com Guiana e Suriname.
Tais processos vêm revertendo paulatinamente o quadro de alta concentração populacional em poucas e distantes aldeias base de missões religiosas e postos indígenas, formado pela ação do Estado na região, e ativando redes de relações que interligam os diversos yanas que habitam imemorialmente estes territórios, evidenciando que estes dois complexos de TIs, aparentemente isolados entre si, encontram-se plenamente conectados por redes de relações históricas e atuais.
Foi neste contexto, e partindo da premissa de que a gestão territorial no referido corredor deve ser pensada conjuntamente que, desde 2005, o PTMC assumiu como fio condutor de suas ações contribuir para a elaboração de Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) das 5 TIs que compõem o Corredor de Terras e Povos Karib, tendo como premissa o fortalecimento destas complexas teias que entrelaçam povos e territórios na região norte do Pará.