Mulheres realizam Feira de Produtos Indígenas em Alter do Chão

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A iniciativa visa dar visibilidade e fomentar a geração de renda para mulheres indígenas dos territórios Wayamu e Tumucumaque

Texto: Martha Costa

A Feira de Produtos Indígenas da Amazônia, em Alter do Chão, reuniu artes e artesanatos de mulheres indígenas. (Foto: Martha Costa/ Iepé)

A arte produzida a partir de sementes, fibras naturais, corda trançada, barbante e miçangas coloridas e que retratam o dia a dia das mulheres indígenas dos territórios Wayamu e Tumucumaque esteve em exposição para comercialização em Alter do Chão (PA). O evento, intitulado Feira de Produtos Indígenas da Amazônia, reuniu aproximadamente 20 mulheres ligadas a associações indígenas e faz parte do Encontro sobre Cadeias Produtivas, que aconteceu entre 2 e 5 de dezembro.

As associações presentes são: Associação Indígena Katxuyana, Tunayana e Kahyana (AIKATUK), a Associação de Mulheres Indígenas da Região de Oriximiná (AMIRMO), a Associação de Mulheres Indígenas Waiana e Aparai (Amiwa), Mulheres Turismo Katxuyana e Txikiyana (Amitikatxi), Associação Indígena Borari de Alter do Chão (AIBAC) (Coletivo de mulheres indígenas Sapú Borari) e a Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora).

De acordo com o Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, a Primeira Feira de Produtos Indígenas da Amazônia teve como objetivo promover um intercâmbio entre os diferentes saberes dos povos originários, fortalecendo sua arte, promovendo autonomia e geração de renda, além de criar uma conexão entre as indígenas dos territórios Wayamu e Tumucumaque, visando estratégias para comercialização desses produtos da sociobiodiversidade.

Antes da abertura da feira foi realizado um intercâmbio junto à Associação Indígena Borari de Alter do Chão (AIBAC) para que as associações de Mulheres Indígenas dos Territórios Wayamu e Tumucumaque conhecessem a história de resistência do Coletivo de Mulheres Indígenas Sapú Borari. “O território é matriarcal, 70% das famílias são comandadas por mulheres”, enfatizou a cacique Neca Borari, liderança indígena símbolo de resistência da cultura na Aldeia Borari, em Alter do Chão, e que luta pela demarcação do território.

Bancada para produção de farinha para a AMIRMO. Com a bancada é possível uma agroindústria familiar nas 18 aldeias do rio Mapuera, território Wayamu (Foto: Martha Costa/ Iepé)

Representante da arte indígena do território do Alto Xingu, Watatakalu Yawalapiti falou sobre o empoderamento, autonomia financeira e fortalecimento da cultura por meio do impacto positivo para a vida das mulheres indígenas. “É muito lindo trabalhar com essa arte. Ela carrega a nossa identidade, quando você olha uma arte indígena você sabe de cara de qual povo ela é. Quando a gente fala de valorização da cultura indígena não tem como separar a nossa arte disso, porque tudo que nós fazemos faz parte do nosso dia a dia. Os grafismos fortalecidos é também fortalecer a arte indígena. Quando você compra uma arte indígena você leva essa história para outras pessoas do meio em que você vive, e a importância de cada povo ser reconhecido”, disse Watatakalu.

Ela também ressaltou a importância da arte em miçanga para as mulheres das etnias Aparai Wayana, caiapó, Alto Xinguano, Kaiabi, Kĩsêdjê, entre tantas outras etnias amazônicas.

Durante a feira, foram comercializadas arte em miçanga dos povos Wai Wai, Apalai, Katxuyana, Tunayana, Karyana, Txikiyana, Tiryó, Borari entre outros produtos da sociobiodiversidade, como o óleo de andiroba, copaíba, sementes de cumaru e pimenta indígena assissi. Também esteve à venda o mel indígena do Tumucumaque Wanë (produzido pelos povos Katxuyana, Tiriyó e Txikiyana) e mel indígena Ano Zeni (produzido pelos povos Wayana e Aparai).

Watatakalu Yawalapiti falou de empoderamento, autonomia financeira e fortalecimento da cultura por meio do impacto positivo para a vida das mulheres indígenas. (Foto: Martha Costa/ Iepé)

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