Proteção territorial e ambiental da TI Kaxuyana-Tunayana é tema de projeto da AIKATUK em parceria com o Iepé

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O Projeto também prevê ações para promoção da segurança alimentar, ocupação tradicional do território e implementação de turismo indígena de base comunitária. O planejamento do projeto aconteceu em uma oficina em junho deste ano.

A oficina de consolidação das ações do projeto foi realizada com tradução para uma das línguas indígenas locais (Foto: Martha Costa/Iepé)

Texto: Martha Costa

Representantes indígenas de pelo menos dez  Yanas (povos/gentes), ligados à Associação Indígena Kaxuyana, Tunayana e Kahyana (AIKATUK), participaram, em junho, de uma oficina para detalhamento e consolidação do projeto “Gestão Territorial e Ambiental na Terra Indígena Kaxuyana Tunayana: Fortalecendo as cadeias produtivas e a proteção do território”.


Sobre o projeto e a oficina

O projeto “Gestão Territorial e Ambiental na Terra Indígena Kaxuyana Tunayana: Fortalecendo as cadeias produtivas e a proteção do território” terá duração de até dois anos, com aporte financeiro de R$ 800 mil via Floresta+ Amazônia, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Programa Nacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Este projeto será desenvolvido pela AIKATUK em parceria com o Iepé.

Durante a oficina, as mulheres debateram sobre as boas práticas e comercialização  de sua arte indígena (Foto: Martha Costa/Iepé)

Os objetivos e a consolidação das atividades previstas foram acordadas e validadas nesta oficina de junho, que aconteceu na aldeia Kaxpakuru, no rio Trombetas no município de  Oriximiná (PA). Participaram do encontro moradores de 17 aldeias situadas às margens dos rios Trombetas, Cachorro e Turuni, região ao norte da Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana, diretamente favorecida pelo projeto.

A oficina contou com a participação dos representantes indígenas dos povos Katxuyana, Kahyana, Yatxkuriyana, Tunayana, Mïnpoyana, Txikiyana, Tiriyó, Katwena, Inkarïyana, Ewarhoyana, Xerew.  

Entre os temas previstos no projeto estão alguns voltados ao fortalecimento das cadeias produtivas da castanha, copaíba, cumaru e artesanato, segurança alimentar com práticas de manejo de roça sustentável. O projeto também prevê a consolidação da ocupação tradicional e a promoção de atividades para implementação de turismo indígena de base comunitária para o fortalecimento e proteção territorial.

Léo Kaxuyana entra na história da AIKATUK como o presidente mais jovem da Associação (Martha Costa/Iepé)

O presidente da AIKATUK, Namofo Léo Kaxuyana Tiriyó, ressalta que o projeto é um anseio dos povos que lutam pela proteção e demarcação da TI Kaxuyana-Tunayana. “Esse projeto traz uma oportunidade de a gente escoar a produção e também proteger o nosso território, seja com a formação de agentes ambientais, com planos de vigilância ou expedições de monitoramento. Isso provoca uma melhoria de vida no território e proteção contra a presença de invasores”, disse.

Planejamento de projetos

      Para Ana Kahyana, cacique da aldeia Purho-Mïtï, a oficina de consolidação possibilitou mais conhecimento quanto aos processos para execução e prestação de contas. “A gente tem um pouco de clareza de como funciona toda essa execução de projetos, que para o nosso mundo indígena é muito complexo por serem vários passos a serem tomados, são muitas normas padrões. Isso é novidade no sentido de ser diferente para a nossa vivência no território. E isso nos traz outro entendimento mostrando a realidade”, disse.

A participação das mulheres foi um ponto importante da oficina junto a AIKATUK. (Foto: Martha Costa/Iepé)

Durante a oficina, além do planejamento estratégico validado junto aos povos Yana, foram abordados temas referentes à contratação de colaboradores indígenas que atuarão nas funções de coordenação e assistentes. Eles desempenharão funções importantes para cada etapa, que incluem  articulação, logística, comunicação, redação e registros e financeiro. 

Letícia Daidone, assessora de gestão de projetos do Iepé, esteve presente na oficina,  junto à AIKATUK e seus associados, buscando contribuir para facilitar a compreensão (e tradução) da linguagem mais técnica que inevitavelmente aparece no tema de gestão de projetos. Para Letícia, esta oficina foi muito importante ao propiciar aos seus participantes as informações necessárias, de modo que se sintam seguros em suas proposições quanto às atividades previstas, às possibilidades de realizarem ações relevantes para as aldeias, e quanto às suas responsabilidades na gestão dos recursos. Para isso, foram realizadas dinâmicas com apoio visual e formato bem participativo. 

A oficina também contou a colaboração de assessores do Iepé que atuam no Programa Tumucumaque-Wayamu: Manuella Sousa, Renan Reis e Martha Costa. A atividade foi realizada no âmbito da parceria entre o Iepé e AIKATUK, com apoio  da Fundação Nia Tero.

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