1º. Encontro de índios e quilombolas de Oriximiná

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Com o objetivo de promover uma articulação entre índios e quilombolas de Oriximiná, na Calha Norte do Pará, o Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena em parceria com a Comissão Pró-Índio de São Paulo e a Cooperativa do Quilombo promovem o 1º Encontro Índios e Quilombolas de Oriximiná. O evento acontece no Quilombo Abuí, de amanhã até dia 13.

O encontro contará com cerca de 200 participantes: representantes dos povos indígenas Zo’é, Waiwai, Tunayana, Kahyana, Kaxuyana e quilombolas das 35 comunidades localizadas naquele município. O procurador da República Luiz Antônio Miranda Amorim Silva vai representar o Ministério Público Federal no evento.

Segundo Domingos Printes, liderança do Quilombo Abuí e vice-presidente da Cooperativa do Quilombo, a comunidade está ansiosa para o encontro e para fortalecer as relações com os índios. “Vai ser um prazer receber todos aqui no nosso Quilombo. Nós temos relação com algumas comunidades indígenas próximas, mas alguns povos não conhecemos. Mas todos nós temos em comum a forma de lidar com a terra”, disse Domingos.

O objetivo do evento, de acordo com Lúcia Andrade, coordenadora-executiva da Comissão Pró-Índio de São Paulo, é que essa aliança entre índios e quilombolas contribua para que eles tenham maior poder de participar e influenciar as decisões relativas ao desenvolvimento da Calha Norte do Pará.

Atualmente, nessa região, as decisões sobre concessões florestais, exploração mineral, criação de unidades de conservação e projetos hidroelétricos estão sendo tomadas sem o conhecimento e sem a participação dos povos indígenas e quilombolas, desrespeitando o direito a consulta livre, prévia e informada, prevista da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e ratificada pelo Brasil.

De acordo com Décio Yokota, coordenador executivo adjunto do Iepé, quilombolas e indígenas compartilham diversos problemas nessa região. “Os projetos hidroelétricos previstos pelo Plano Nacional de Energia (PNE), que propõe a utilização do potencial hídrico de localidades como Cachoeira Porteira, reanimando um projeto do período do regime militar, também representam uma ameaça”, detalha Décio.

O encontro é uma forma de favorecer as ações articuladas entre índios e quilombolas na defesa de seus direitos. “Esse encontro vai ser muito importante. Nosso convívio com a terra é muito parecido com o dos índios. Podemos nos considerar todos parentes pela forma comum que lidamos com a terra, as nossas matas. Vamos conversar para nos unir e lutar pelos nossos direitos”, contou Francisco Hugo de Souza, liderança do Quilombo Jauari e presidente da Cooperativa do Quilombo.

A realização do encontro conta com o apoio da Comunidade Quilombola Abuí, da Associação Quilombola Mãe Domingas, da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO) e da Frente de Proteção Etnoambiental Cuminapanema da Funai. O apoio financeiro para a realização do encontro é da Christian Aid, ICCO, Embaixada da Noruega e Rainforest Foundation Noruega.

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