Na primeira parte do livro são apresentados textos produzidos por estudantes e lideranças da Aldeia Açaizal, assim como de outras aldeias das TIs de Oiapoque e que falam de conhecimentos diversos sobre o açaí, seus usos, jeitos de manejar, consumir e comercializar, restrições de consumo e sua relação com outros elementos do meio ambiente. A segunda é dedicada ao projeto Açaí, Banana e Citros – ABC da Fruticultura Familiar das Comunidades Indígenas de Oiapoque e enfatiza os aspectos desafiadores da estruturação da prática do manejo e consolidação da cadeia de comercialização do fruto no âmbito do Programa de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas de Oiapoque. O livro é finalizado por entrevistas realizadas com alguns atores que participaram ativamente dessa experiência e apontam como visão estratégica de futuro a importância de transformar a riqueza ambiental das terras indígenas de Oiapoque no grande trunfo para, a um tempo, desenvolver a potencialidade destas comunidades – que há muito realizam intensamente atividades de comercialização de produtos agrícolas e extrativistas – e ampliar o entendimento das novas gerações sobre a necessidade de sua conservação e proteção.
O Açaí (Euterpe oleracea) é uma palmeira de raízes externas avermelhadas, múltiplos pés e frutos pequenos e arroxeados, utilizada para diversos fins entre muitos grupos habitantes da Amazônia. Entre os Povos Indígenas de Oiapoque, o açaí é denominado was, na língua palikur; wasai na língua kali’na e uasei em patoá (kheuól). Seu principal uso é na alimentação, a partir de um processamento geralmente manual de amolecimento da polpa e filtragem, do qual se extrai um suco roxo e grosso, que é consumido na hora com farinha de mandioca ou de tapioca, carne de caça e, mais recentemente, bebido com açúcar. Relatos de pessoas mais idosas diversificam o uso da espécie, incluindo a casca do caule para assoalhar a casa e o uso medicinal para mordida de cobra e tratamento de malária.
O livro publicado pelo Iepé contou com apoio do Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque, Embrapa/Amapá, Projeto Gati/Funai, The Nature Conservancy, Embaixada da Noruega e Rainforest Foundation Noruega.