Nesses três dias, em meio a atividades participativas e animadas por músicas e danças tradicionais, debateu-se a respeito do que é ser jovem e indígena hoje, das diferenças entre ser jovem homem e jovem mulher e das temáticas que mais interessam em relação à juventude indígena.Também houve muita discussão sobre a relação entre as gerações e a transmissão de conhecimentos.
Os participantes destacaram a importância de conhecer e valorizar o seu próprio modo de viver. Nesse sentido, indicaram que meninos e meninas devem aprender diferentes tarefas importantes para que se tenha uma boa vida, e que cabe às pessoas mais velhas continuarem a repassar esses conhecimentos. Os presentes dizem que houve muitas mudanças no modo como se vive na região, como o uso de motos e celulares, mas que isso não os torna “menos índios”. Contudo, também destacam que, atualmente, o processo de educação das crianças não é mais o mesmo, mas que é preciso se empenhar a cada dia para que os jovens tenham esses conhecimentos necessários e importantes, e sejam fortes. Essa preocupação está bem expressa nessa fala de um grupo de mulheres que participou do encontro: “Se a gente quer que os jovens e as crianças saibam o que sabem nossos antepassados, temos que contar desde cedo para eles. Mas não é só em dia de projeto. Em um dia só, não dá. Tem que chamar crianças e jovens para conversar. Os que sabiam mais, já se foram, mas temos que continuar passando o que sabemos para as crianças e os jovens. Os mais velhos têm que ensinar, mostrar como se vestir, como se pintar. É assim que ficamos sabendo os modos de viver, de vestir e de comemorar. Uma vez só, a gente não aprende nada. Tem que ser todo dia, cotidianamente.”
Outro tema importante tocado pelos participantes do encontro diz respeito a viver numa terra demarcada. Os mais velhos dizem que os jovens precisam entender o que é isso, e que todos devem aprender a viver nessa terra demarcada para que as gerações de filhos e netos possam viver bem no futuro.
Esse encontro mostrou-se um espaço profícuo para a reflexão a cerca da juventude indígena na faixa oeste da Terra Indígena Parque do Tumucumaque, além de possibilitar debates interessantes entre os diferentes participantes. Jovens e adultos expressaram como entendem a situação dos jovens indígenas e se mostraram empenhados em trabalhar em conjunto no fortalecimento de seus conhecimentos e modos de viver. Continuar aprendendo e valorizando os conhecimentos específicos que detém esses povos apareceu como preocupação central entre os participantes do encontro, assim como a questão de como cuidar de sua terra demarcada.
Nos próximos meses, o Iepé promoverá um novo encontro sobre juventude, desta vez com as comunidades indígenas que vivem na faixa leste do Tumucumaque.