Aconteceu, entre os dias 2 e 21 de julho, na aldeia Apalai (Bona), a 3ª Etapa do Curso de Formação em Gestão Territorial e Ambiental de uma das duas turmas de jovens e lideranças das Terras Indígenas Parque do Tumucumaque e Rio Paru d’Este. O curso de formação ocorre paralelamente nas porções leste e oeste das duas TIs, e conta, no lado leste, com a participação de 40 jovens e lideranças indígenas.
A programação da primeira semana foi associada à realização de uma Assembleia da APIWA (Associação dos Povos Indígenas Wayana e Apalai), incluindo a participação dos jovens e lideranças indígenas que já participam deste curso, além dos demais caciques. A pauta principal da Assembleia foi o monitoramento do PGTA que está sendo implementado no Tumucumaque Leste e Oeste, com apoio do BNDES/Fundo Amazônia. Na ocasião, também aconteceu a visita de uma equipe do Fundo Amazônia, que se fez presente durante a semana na aldeia Bona e em aldeias vizinhas. Nessa semana, os jovens participaram e dialogaram com os caciques e lideranças indígenas sobre assuntos que constam do seu PGTA ou Plano de Vida, como preferem chamar, e reservaram um tempo específico para a validação do Plano de Vigilância da porção leste dessas TIs junto à Funai, lá representada pelo coordenador da CR Macapá e pelo chefe do SEGAT nesta CR.
Finalizada a assembleia, os jovens indígenas junto com os caciques participaram de uma Oficina de Meliponicultura, onde tiveram uma primeira aproximação com o tema e realizaram um levantamento participativo das abelhas nativas da região. As lideranças indígenas presentes mostraram-se bastante motivadas com possibilidade de criação de abelhas nativas. Jovens e lideranças relataram várias práticas culturais que envolvem a utilização do mel das abelhas nativas, como a utilização em rituais de cura e tratamentos de doenças. As abelhas nativas possuem nomes gerais em cada uma das línguas locais, e nomes específicos ligados a cada espécie.
Na semana seguinte, durante o segundo módulo, os cursistas apresentaram suas pesquisas em andamento e trataram do tema dos direitos territoriais. A demarcação de terras indígenas foi pauta de discussão, assim como todo o histórico da demarcação das TIs Parque do Tumucumaque e Paru d’Este. Neste ano, os povos indígenas do Tumucumaque comemoram 20 anos de demarcação das suas terras.
Já o último módulo desta etapa, na terceira semana, contemplou o tema da segurança e soberania alimentar, que foi tratado a partir da busca de tradução desses conceitos nas três línguas locais (apalai, wayana e tiriyó), além da discussão sobre composição e propriedades nutritivas dos alimentos. Os alimentos consumidos pelos povos indígenas nas duas TIs foram levantados, discutindo-se sobre eles e sobre a sua produção nas roças. Nesta etapa, o Iepé, em parceria com a APIWA, valorizou e fortaleceu a culinária local nativa dos diferentes povos que ali vivem. Todos os módulos contaram com alimentos produzidos e fornecidos localmente, envolvendo 23 famílias de 10 aldeias da porção leste. Também as principais novas doenças foram tema de debate nessa etapa de formação.