O Iepé e o Instituto Federal do Amapá (IFAP) realizaram, com apoio da Funai e da Prefeitura de Pedra Branca do Amapari, uma semana de aulas para os Agentes Ambientais Indígenas do Oiapoque (AGAMIN) e Agentes Socioambientais Wajãpi (ASA) no campus do IFAP de Porto Grande, entre os dias 05 e 08 de junho. A iniciativa foi fruto da cooperação entre Iepé e IFAP para a certificação da formação de Agentes Socioambientais Indígenas no curso Técnico em Meio Ambiente, com objetivo de que os 68 agentes indígenas matriculados no IFAP conhecessem o campus, os professores e tivessem aulas sobre conteúdos complementares oferecidos pelo corpo docente do IFAP. Com a coordenação do Diretor de Ensino, Breno Araújo, os temas das aulas foram propostos pelo corpo docente do IFAP e ministradas com acompanhamento das coordenadoras da formação de AGAMIN e ASA do Iepé, Rita Lewkowicz e Isabel Mesquita, e de um dos professores que acompanha as duas turmas, Igor Scaramuzzi, que auxiliaram na condução das aulas durante a semana.
No dia 05 de junho, o IFAP promoveu uma mostra em função do Dia Mundial do Meio Ambiente, com palestras, exposições, minicursos e apresentações de alunos, incluindo apresentação dos ASA e AGAMIN.
No dia 06 de junho, os estudantes indígenas foram divididos em dois grupos (ASA e AGAMIN) que tiveram aulas concomitantes sobre legislação ambiental, análise de solo, resíduos sólidos e compostagem e uma oficina de produção de sabão. Na aula sobre legislação ambiental com a professora Lidiane dos Santos, foram apresentados o contexto de criação da legislação ambiental do Brasil e as Leis de Educação Ambiental (Lei n. 9.795/99) e de Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98). Na aula de análise do solo, ministrada pelos professores Cleber Oliveira e Nilvan Melo, os estudantes conheceram locais de plantio de gêneros diversos em estufas e ao ar livre no próprio campus do IFAP. Os professores apresentaram os cuidados e técnicas de plantio utilizados, contextualizando que foram maneiras desenvolvidas para produzir alimentos em áreas delimitadas (propriedades rurais), considerando que, com o passar do tempo e repetidos plantios no mesmo local, há esgotamento do solo. Os agentes indígenas pontuaram que tem uma forma diferente de cultivar alimentos, abrindo roças em locais diferentes, de maneira a garantir tempo para a recuperação do solo. Os professores mostraram aos estudantes como colher amostras de terra para fazer análises sobre a qualidade do solo de uma determinada área.
A professora Aline Santos mostrou aos agentes ambientais como utilizar uma composteira para transformar lixo orgânico em adubo, com a utilização de minhocas para acelerar o processo. A professora Karmile Silva falou sobre a poluição da água por óleo de cozinha e as reações químicas associadas, finalizando a aula ensinando como fazer sabão com óleo de cozinha usado.
No dia 07 de junho, a turma de ASA e AGAMIN visitou uma propriedade onde são criados peixes para comercialização. O dono do local, Valdo, e o professor Bruno Denucci falaram sobre o que é necessário para a criação de peixes, desde a escolha da espécie e abertura de tanques em local adequado até os cuidados com a água e alimentação dos peixes. Valdo e seu filho, com a ajuda dos participantes, realizaram a pesagem de alguns peixes que estavam há um mês no tanque para avaliar quantas vezes por dia e com qual ração os peixes deveriam ser alimentados nesta fase. No período da tarde, os ASA e AGAMIN dividiram-se em três grupos para uma aula no Laboratório de Química com a professora Karmile, para analisar o PH de amostras de água. Para tal, foi feita uma breve explicação sobre o que é PH e qual a finalidade deste tipo de análise. No mesmo dia, o Secretário de Meio Ambiente de Porto Grande, Orivaldo Amorim, fez uma palestra para o grupo.
O encerramento das atividades no IFAP ocorreu no dia 08 de junho, com uma aula do professor Luan Silva sobre instrumentos de geoprocessamento, relembrando alguns conteúdos já abordados em outras disciplinas da formação dos ASA e AGAMIN, e com um exercício prático de manuseio de GPS.