Às margens do rio Paru de Leste, a aldeia Xuixuimene recebeu cerca de 60 participantes para a VI Etapa de Formação de Jovens e Lideranças, entre os dias 23 de abril e 11 de maio. Os participantes, vindos de mais de 20 diferentes aldeias ao longo do rio Paru de Leste, puderam discutir sobre os seguintes temas: “Participação Comunitária no Fortalecimento da Associação”, “Direitos para Povos Indígenas” e “Políticas para Cultura: Registro da Arte Gráfica Wayana e Aparai”. As traduções para as línguas wayana e tiriyó ficaram a cargo, respectivamente, de Marakarepo Apalai e Araimare Waiapi Waiana, conforme decidido pelos participantes. Kutanan Wayana (APOIANP) e Cecília Awaeko Apalai (APIWA) também fizeram importantes contribuições para o entendimento geral.
O primeiro módulo da formação, “Participação Comunitária no Fortalecimento da Associação”, foi facilitado por Marina Kahn, dando continuidade às discussões da etapa anterior, na aldeia Maxpurimo. Durante a oficina, Marina Kahn abordou a importância do reconhecimento e fortalecimento pelas comunidades do papel da representatividade política da associação; a articulação entre a associação e as aldeias por meio da gestão da comunicação; e a qualificação do diálogo entre a associação e seus parceiros institucionais. Sobre a formulação de projetos pela associação, Marina Kahn realizou vários exercícios com os cursistas, sempre lembrando que um projeto “não é dinheiro, mas uma ideia, um trabalho que precisa de recursos para ser realizado, e que ajuda a resolver um ou vários problemas”.
Luiz Eloy Terena, advogado da APIB (Articulação do Povos Indígenas do Brasil), trouxe para os formandos uma visão crítica e esclarecedora acerca dos direitos dos povos indígenas no Brasil. Por meio da elucidação de conceitos como “direitos” e “política”, o advogado explicou o funcionamento do Estado Brasileiro, trazendo um panorama da legislação que tange aos povos indígenas desde o Brasil Colônia, incluindo também ameaças contemporâneas. As discussões acerca da Convenção 169 da OIT, bem como dos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988 baseiam a elaboração em curso do Protocolo de Consulta dos povos indígenas do Tumucumaque.
A APIWA (Associação dos Povos Indígenas Wayana e Aparai) solicitou à antropóloga Lúcia van Velthem (Museu Paraense Emilio Goeldi) , especialista nos povos da região, a elaboração do dossiê para o registro da arte gráfica Wayana e Aparai junto ao IPHAN. Neste sentido, o módulo oferecido por Lúcia e Iori Linke (FPEC/Funai) deu continuidade às atividades executadas no módulo anterior. Além de recapitular conceitos como Registro e Patrimônio, e o funcionamento de políticas indígenas e indigenistas, os participantes puderam conferir e complementar informações referentes aos padrões de seu repertório gráfico, contemplando categorias como desenhos de cestaria, de cerâmica, de flechas, dentre outros.
Flautas Lue foram preparadas para a festa Waitakala, realizada para o encerramento da VI Etapa de Formação. Danças e cantos dos povos indígenas tiriyó, wayana, aparai, akuriyó e txikiyana também alegraram a finalização de mais essa etapa, acompanhados de diversas bebidas, como casili, payauru e sakura.
Boa parte da alimentação foi fornecida pela própria aldeia: bebida de jerimum, mingau de banana, melancia, uxi, pupunha, farinha, beiju, além de variados peixes e carnes de caça, preparados assados, cozidos, moqueados e com muitas variedades de pimenta.
Essa Formação de Jovens e Lideranças em Gestão Territorial e Ambiental, está a cargo do Programa Tumucumaque/Iepé, e conta com o apoio do Fundo Amazônia/BNDES.
Equipe responsável por essa etapa: Andreia Vaz, Cecília de Santarém, Evandro Bernardi e Jeciane Souza, sob a coordenação de Denise Fajardo.