O que se guarda no Potuwa: livro do Iepé visa fortalecer fundo de artesanato indígena

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Publicação retrata os saberes e as atividades de fabricação de flechas do povo Zo’é. O valor pelas aquisições do livro é totalmente revertido aos indígenas.

Texto: Hugo Prudente | 22 de fevereiro de 2021

Capa do livro

Lançado em 2020, o livro documenta a atividade cotidiana de fabricação e reparo das flechas, saberes relacionados e suas implicações territoriais. A série da qual faz parte visa fomentar a divulgação qualificada dos sofisticados conhecimentos que estão na base do modo de vida desse povo Tupi-Guarani. Um novo volume temático já está previsto para 2021.

De autoria de Hugo Prudente, com desenhos de Dani Eizirik, Kubi’e uhu, Wo’i e Pane, o livro tem formato de bolso e 152 páginas fartamente ilustradas. O ponto de partida são os objetos guardados no Potuwa, um pequeno estojo de arumã trançado, feito pelas mulheres zo’é. Portátil, ele é sempre levado pelos homens. Todo caçador deve ter o seu e guarda ali aquilo de que precisa para fazer e reparar suas flechas. Cada item é importante ao seu modo e o que chama a atenção é a composição diversa doconjunto. 

Em texto e imagens, o livro segue pelos caminhos dos Zo’é em busca de penas, resinas, linhas de costura e outros materiais escolhidos por eles com a atenção de quem preza pelo detalhe eficiente, pelo conhecimento e pela beleza. Para os Zo’é, mobilidade é qualidade de vida. Potuwa pora kõ – O que se guarda no potuwa é “um livro sobre o movimento das flechas, ou sobre como elas movimentam a vida dos Zo’é”, observou em uma resenha o antropólogo Miguel Aparício, doutor em Antropologia Social e Professor da Universidade Federal do Oeste do Pará.

Fortalecendo o fundo de artesanato indígena Zo’é

Quatro meses depois do lançamento, 113 exemplares do livro já foram enviados para leitores de diferentes cidades do país, revertendo R$ 4.520,00 para os Zo’é. O fortalecimento do Fundo de Artesanato Zo’é – FAZ é um dos objetivos do Plano de Gestão Territorial e Ambiental da TI Zo’é.  Através deste fundo, a FPEC vem ajudando a comunidade a comercializar alguns objetos e adornos de seu cotidiano, peças de cestaria como o próprio potuwa, itens de cerâmica, tipóias de algodão, colheres e pulseiras.

A renda gerada assegura maior autonomia na aquisição facas, machados e terçados, anzóis, arames e linhas de pesca, lanternas, pentes e linhas de algodão, objetos incorporados ao modo de vida dos Zo’é há várias décadas. A pandemia do novo coronavírus prejudicou as vendas do FAZ ao longo de 2020. A barreira contra a Covid-19 na Terra Indígena Zo’é teve sucesso, nenhum caso de infecção foi registrado e a imunização em duas doses já foi realizada.

Como adquirir seu livro:
Seu exemplar pode ser solicitado pelo e-mail [email protected] e recebido pelo correio mediante contribuição de R$40. O valor é integralmente revertido para o Fundo de Artesanato Zo’é – FAZ, cuja gestão é realizada pela FPEC com a participação de toda a comunidade zo’é.  O valor do frete de envio é coberto pelo Iepé.

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