Manual bilíngue ensina boas práticas de manejo sustentável da copaíba

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Instituto Iepé apoia comunidades indígenas na adoção de boas práticas na valorização dos saberes tradicionais relacionados ao óleo de copaíba e lança manual bilíngue

Texto: Thaís Herrero

O trabalho com a copaíba e a extração de seu óleo dependem de muitos cuidados. Pensando em como capacitar a população indígena extrativista, o Instituto Iepé lançou o Manual de Boas Práticas de Manejo de Copaíba na Coleta e Pós-Coleta. O material une saberes técnicos e culturais em um formato bilíngue, com conteúdo em português e hexkaryana. 

A cartilha apresenta cuidados essenciais para a proteção da pessoa extrativista e também das árvores de copaíba, garantindo a sustentabilidade dessa atividade para gerações futuras. Acesse aqui a cartilha na íntegra.

A publicação nasceu a partir de uma oficina realizada em agosto de 2023 na aldeia Areia, no rio Nhamundá, Terra Indígena Kaxuyana Tunayana. Naquela ocasião, 50 indígenas de 14 aldeias diferentes se reuniram e contaram com a assessoria dos assessores indigenistas Diego Nogueira e Fernando Fileno, do Programa Tumucumaque-Wayamu do Instituto Iepé, em parceria com a Coopaflora.

Aldo Pita ensina os extrativistas as boas práticas de manejo com a copaíba (Foto: Fernando Fileno/ Iepé)

Os especialistas quilombolas, Aldo Pita e  Lorenaldo Almeida, conduziram atividades teóricas e práticas, ensinando técnicas de manejo do óleo de copaíba.  Durante cinco dias, os participantes realizaram excursões no território, aplicando os conhecimentos adquiridos.

Segundo Fernando Fileno, a cartilha é um instrumento para fortalecer o uso das práticas de manejo sustentável. “O óleo da copaíba se tornou uma importante fonte de renda para as comunidades do rio Nhamundá, mas ainda carecia de orientações técnicas para garantir a sustentabilidade do trabalho”, explica.

O trabalho com a copaíba e a extração de seu óleo dependem de muitos cuidados. (Foto: Fernando Fileno/ Iepé)

Valorização linguística

A cartilha foi traduzida pelo indígena Jeremias Amotxo, que, com apoio de anciãos, recuperou termos tradicionais da língua hexkaryana que estavam em desuso. Um deles era justamente a palavra weryeko, que perdeu a força do uso pela sua substituta em português “copaíba”.

“Essa valorização linguística não só enriquece o material como também contribui para a revitalização e fortalecimento da língua hexkaryana, ampliando sua presença em materiais educativos”, diz Fileno.

Com ilustrações personalizadas e fotografias que registram momentos vividos durante as capacitações, o manual vai além de um guia técnico. Ele também terá um papel pedagógico significativo, podendo ser usado como recurso didático em escolas indígenas, respondendo à crescente demanda por materiais na língua hexkaryana.

A extração de óleo é uma importante atividade econômica para as comunidades do rio Nhamundá (Foto: Fernando Fileno/ Iepé)

Importância da Copaíba

A copaíba (Copaifera spp), uma árvore conhecida por suas propriedades medicinais e valor comercial, é um recurso de grande importância para as comunidades amazônicas. O manejo do óleo contribui não apenas para a conservação da floresta em pé, mas também promove a relação entre fonte de renda e preservação ambiental.

As oficinas e a publicação da cartilha contou com apoio da Fundação Rainforest da Noruega.

Árvore de copaíba (Foto: Aldo Pita/ Coopaflora)

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