Aconteceu entre abril e maio deste ano a 2ª Etapa de Formação Indígena em Gestão Territorial e Ambiental nas Terras Indígenas Parque do Tumucumaque e Rio Paru d’Este. Esta formação ocorre no âmbito do Projeto “Bem Viver Sustentável” de Implementação de Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) de ambas TIs, com apoio do Fundo Amazônia/BNDES. No lado leste do Complexo do Tumucumaque, a 2ª etapa aconteceu entre 17 e 29 de abril, na aldeia Bona; no lado oeste, de 1 a 19 de maio, na aldeia Missão Tiriyó. Após os módulos, em ambas as regiões, aconteceu também a I Feira de Sementes no Tumucumaque.
II Etapa da Formação de Jovens no Tumucumaque Leste
Entre os dias 17 e 29 de abril, os dois módulos dessa segunda etapa aconteceram na aldeia Bona, reunindo mais de 40 formandos, vindos de 23 aldeias da região leste do Complexo do Tumucumaque. Jovens, adultos, lideranças, professores e AIS dos povos Wayana, Apalai, Tiriyó, Txikyana e Wajãpi participaram ativamente das atividades.
O primeiro módulo desta etapa contou com duas temáticas. A primeira temática tratou da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental (PNGATI), buscando assim que os participantes percebessem o importante momento que estão vivenciando de implementação dessa política por meio da execução do seu Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) nas suas terras. Atualmente, a implementação desse plano encontra-se em andamento, contemplando ações de proteção territorial e de uso sustentável de recursos naturais, incluindo essa formação em temáticas socioambientais. A segunda temática foi Cartografia Aplicada à Gestão Territorial e Ambiental, onde foram apresentadas e utilizadas tecnologias (como GPS) e programas (como Google Earth).
Na semana seguinte, de 24 a 29 de abril, ocorreu o segundo módulo. Neste módulo, o foco manteve-se na iniciação à pesquisa e em dinâmicas para se construir participativamente uma compreensão das percepções locais sobre bem viver e qualidade de vida em terra demarcada. Nesta semana, jovens e lideranças conversaram sobre os principais temas de interesse para as pesquisas que irão conduzir no âmbito dessa formação.
II Etapa da Formação de Jovens no Tumucumaque Oeste
Já no lado oeste, a 2ª etapa de formação teve sua continuidade com os três módulos que ocorreram entre os dias 01 a 19 de maio na aldeia Missão Tiriyó, aldeia central da região oeste da TI Parque do Tumucumaque. Assim como no lado leste, a intenção de qualificar esses jovens indígenas e dotá-los de instrumentos para governar de modo autônomo o futuro de suas vidas e terras indígenas direcionou essa etapa da formação, tendo como foco as temáticas PNGATI, PGTA e Iniciação à Cartografia.
Na sequência, para que os mais jovens pudessem entender as origens e em que consiste o PGTA que está sendo implementado, bem como a Formação em curso , foi reconstituída uma linha do tempo. Essa linha do tempo abordou desde a conquista dos direitos indígenas na Constituição de 1988 até a conjuntura política atual do país, de ameaça aos direitos indígenas. Destacou-se a demarcação das Terras Indígenas Parque do Tumucumaque e Paru d’Este (que completa 20 anos esse ano), bem como a luta ainda em curso pela demarcação da TI Kaxuyana-Tunayana (onde se situam territórios tradicionais destes e de outros povos que de lá foram removidos para regiões vizinhas, incluindo o Tumucumaque, nos anos 1960) e a construção do atual Plano de Gestão Territorial e Ambiental.
Na última semana, foram trabalhados conceitos como gestão, desafio e planejamento. Esses conceitos foram apresentados como ferramentas importantes no diálogo desses jovens com as diretrizes de políticas, tal a PNGATI. Assim, espera-se que os participantes da formação venham a atuar em processos de tomadas de decisão junto às suas comunidades locais e lideranças, no que tange à gestão territorial e ambiental das TIs em que vivem.
I Feira de Sementes no Tumucumaque Leste e Oeste
Além da formação em si, também ocorreu em ambos os lados do Complexo do Tumucumaque, a I Feira de Sementes do Tumucumaque Leste e Oeste, da qual participaram os alunos e moradores das aldeias. Na ocasião, os participantes puderam trocar conhecimentos sobre as formas de plantio das diferentes espécies, a importância da conservação das sementes tradicionais, bem como o fortalecimento da segurança alimentar. Foi a primeira vez que os moradores do Tumucumaque construíram e participaram de uma feira de sementes, servindo essa metodologia (Feira de Sementes) para discussão sobre a importância da diversificação das roças e da conservação das sementes tradicionais. Foram disponibilizadas diferentes espécies de sementes crioulas e tradicionais que se somaram às sementes e raízes locais, trazidas pelos participantes da formação.