Nota de falecimento Domingos Santa Rosa

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A equipe do Iepé recebeu com profunda tristeza a notícia da morte de Domingos Santa Rosa, liderança Indígena do Oiapoque, parceiro e amigo sempre presente em importantes iniciativas em defesa dos direitos e do bem viver dos povos indígenas do Oiapoque.

Domingos Santa Rosa nasceu na aldeia Kumarumã, em 1961. Filho de Caetano Santa Rosa e Irene Cecília Narciso, pôde, já durante a infância, conhecer diferentes aldeias por onde o pai, um antigo funcionário do SPI, circulava. Em decorrência dos processos de transição administrativa do SPI para FUNAI, a família mudou-se para Belém, onde Domingos viveu dos 9 aos 25 anos. Na época, formou-se como técnico agrícola na Escola Agrotécnica Federal de Castanhal-PA. Em 1986, passou a trabalhar na FUNAI e, depois de uma experiência de cinco meses trabalhando com os Kayapó, teve a oportunidade de voltar para a Terra Indígena onde nasceu. Adquirindo a confiança e o respeito das comunidades e daqueles a quem costumava saudosamente chamar de “antigos caciques” (lideranças como Geraldo Lod, Felizardo dos Santos, Paulo Roberto Silva, Manuel Floriano Marcial, Paulo Orlando, Raimundo Nonato dos Santos (o Tangarrá), Manuel Primo dos Santos (o Coco), Manuel Sebastião dos Santos, José dos Anjos Anicá, Dário Vidal, Henrique dos Santos, Avelino dos Santos) Domingos foi eleito chefe de posto do Manga, em 1987, função na qual permaneceu por 16 anos. De volta à Terra Indígena, Domingos casou-se com a professora Edilena dos Santos e teve 3 filhos. Posteriormente foi eleito Administrador Regional da FUNAI, onde trabalhou por quatro anos e foi reconhecido como uma grande liderança pelos quatro povos indígenas do Oiapoque. Nesses anos todos, Domingos mostrou-se um ativo e incansável defensor dos direitos indígenas garantidos pela Constituição. Lutou pela demarcação das Terras Indígenas do Oiapoque e esteve à frente dos processos de construção do Plano de Vida, do PGTA e do Protocolo de Consulta, documentos fundamentais para a gestão coletiva dessas terras. Também atuou como coordenador do COGEPI entre 2008 e 2016, diplomaticamente coordenando o diálogo com o governo sobre a pavimentação da rodovia BR156. Uma vida de tantos feitos, que é difícil resumir em poucas palavras. Ele costumava ressaltar o quanto aprendeu a partir de sua participação nas Assembleias do movimento indígena e no convívio com as lideranças. “Nossa vida é aprender, eu precisei aprender muita coisa pra dar conta do meu trabalho”. Ao mesmo tempo, não se furtava a colocar em prática e transmitir aos mais jovens essa sabedoria que acumulou durante os anos, motivo pelo qual fará imensurável falta a todos com quem conviveu.

 

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