Iepé lança publicação Peixes e Pesca – Conhecimentos e Práticas entre os Povos Indígenas do Baixo Oiapoque

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Na manhã do último dia 20 de julho o Programa Oiapoque do Iepé realizou no Fórum do município de Oiapoque o lançamento da publicação “Peixes e Pesca – Conhecimentos e Práticas entre os Povos Indígenas do Baixo Oiapoque”. O evento contou com mais de 80 participantes, dentre os quais representantes de organizações indígenas locais, instituições da Guiana Francesa, da FUNAI local e de Macapá, organizações governamentais e da sociedade civil de Oiapoque, estudantes e professores da UNIFAP (em especial do curso de Licenciatura Intercultural Indígena) e dos AGAMIN – Agentes Ambientais Indígenas do Oiapoque.

O cerimonial do evento foi realizado pela assessora de valorização do patrimônio cultural dos Povos Indígenas do Oiapoque, Ana Paula Fonte, que deu início às atividades convidando todos os pesquisadores indígenas participantes da pesquisa a se apresentarem. A mesa de abertura foi composta pelos representantes presentes das organizações indígenas da região: Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão – AMIM; AIKA – Associação Indígena do Povo Karipuna; AIPA – Associação Indígena Palikur; AIPGM – Articulação Indígena do Povo Galibi Marworno; AIRO – Articulação Indígena do Rio Oiapoque; CCPIO – Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque; AGAMIN – Agentes Ambientais Indígenas do Oiapoque e Museu Kuahí dos Povos Indígenas do Oiapoque, que deram as boas vindas aos participantes e agradeceram pela realização da publicação e do evento, destacando sua contribuição para a valorização da pesquisa realizada pelos próprios indígenas acerca de seus conhecimentos e práticas relacionadas aos peixes e a pesca artesanal.

As apresentações sobre o longo processo de pesquisa, organização e sistematização de informações que originou a publicação foram feitas pelos próprios pesquisadores, assim como por alguns convidados indígenas que contribuíram para sua realização.

A abertura da mesa foi feita por Bruna dos Santos Almeida, ex-pesquisadora do Museu Kuahí, atualmente mestranda em Letras pela UNIFAP, que fez um relato do histórico da pesquisa, iniciada no ano de 2013 pela então equipe de pesquisadores da qual fazia parte, sob a coordenação e orientação da antropóloga Lux Vidal e da etno-ecóloga Pauline Vidal.

Em seguida Creuza dos Santos, cacica da aldeia Ahumã fez uma fala contundente sobre a relação entre o mundo invisível e a necessidade de proteção dos recursos aquáticos e pesqueiros, baseada na história da criação de sua aldeia. Seguiu-se a apresentação do professor Nordevaldo dos Santos, da aldeia Kumarumã, que relatou a realização da pesquisa sobre o Lago Maruane (que originou outra publicação feita em parceria entre o Iepé e os pesquisadores indígenas do povo Galibi Marworno) e a importância do professor indígena enquanto multiplicador dos saberes relacionados ao meio ambiente e território.

A equipe dos AGAMIN realizou uma fala sobre o projeto de manejo de quelônios (tracajás), que apesar de não serem peixes constam do livro como parte de um conjunto maior de recursos aquáticos importantes em diversos aspectos para os povos indígenas da região. Por fim o ex-gerente e pesquisador do Museu Kuahí Hélio Labontê encerrou o trabalho da mesa com uma apresentação de grande densidade e profundidade, tratando da importância dos saberes sobre os peixes e pesca para a cosmologia do povo indígena Palikur, enfatizando todos os conhecimentos transmitidos pelo saudoso Manoel Antonio dos Santos, Wetmin, sábio e mestre artesão palikur falecido no ano de 2018 e que produziu, na ocasião da pesquisa, um conjunto de esculturas em madeira representando peixes, cobras e outros seres aquáticos, assim como embarcações representativas de constelações da astronomia palikur mencionadas no livro. As esculturas de Wetmin sobre o universo aquático foram expostas durante o evento para apreciação de todos os participantes.

Todos os apresentadores agradeceram ao Iepé, em especial a Lux, Pauline e ao Programa Oiapoque pela realização desta publicação, tida por todos como material de extremo valor para a consolidação de um já vasto conjunto de conhecimentos indígenas sistematizados e difundidos.

No encerramento do evento a coordenadora do Programa Oiapoque Rita Lewkowicz chamou a atenção dos participantes para a importância e valor das pesquisas realizadas através da parceria entre o Iepé e o Kuahí e fez um apelo para que todos os presentes ajudassem a pensar e mobilizar propostas de revitalização do Museu, que encontra-se parcialmente fechado e com equipe extremamente reduzida, enfrentando uma série de problemas desde o ano de 2014. Após o encerramento ao meio dia foi oferecido um coquetel aos participantes.

 

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