Texto: Marcela Jeanjacque e Luene Karipuna
“Aprender com os erros do passado para não cometê-los novamente no futuro”
Após três anos sem realizar encontros internos, nos dias 01 e 02 de setembro ocorreu a reunião ordinária da Organização Indígena dos Jovens de Oiapoque – OIJO. O encontro contou com a presença de 80 jovens indígenas dos povos Karipuna, Galibi kali´na, Galibi Marworno e Palikur, além de representantes do Conselho dos Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO), Associação Nana Kali ´na, Funai e da equipe do Instituto Iepé. A reunião ocorreu na aldeia Manga, Terra Indígena Uaçá.
No primeiro dia do encontro, foi debatido o alinhamento da OIJO. A reunião teve como intuito fortalecer a organização da juventude indígena. No período da manhã, discutiu-se a memória da organização, foi relembrado como tudo começou e construiu-se uma linha do tempo das principais ações do movimento, com falas importantes de pessoas que fizeram e fazem parte desta construção, como Dieimison e Lilia, ambos do povo Karipuna, Josilene, do povo Galibi Marworno, Moisés, do povo Palikur, Luene Karipuna, Mel, do povo Galibi Marworno, Magner, do povo Karipuna. Também foi uma oportunidade para levantar a seguinte pergunta: Qual o papel da juventude indígena no movimento em defesa dos direitos do nosso povo?
Na parte da tarde, ocorreu duas rodas de conversas, uma delas voltada para a desinformação e fake news, conduzida pelos Jovens Comunicadores Indígenas de Oiapoque, junto aos seus instrutores Davi Marworno e Luene Karipuna.
Em outra roda de conversa, discutiu-se a importância da juventude indígena na política, para a garantia de direitos. Quem conduziu a conversa foi Kassia Lod, liderança do povo Galibi Kali´na. Estudante do curso de direito, Kássia é coordenadora da Associação Na Na Kali´na.
Muitas questões foram colocadas, principalmente a importância de demarcar as urnas e valorizar nossos votos. Os jovens estão buscando abordar assuntos relevantes para a garantia e defesa de seus direitos. Entender os espaços políticos também é importante, pois ultimamente estamos vendo vários Projetos de Leis que afetam diretamente a vida dos povos indígenas. Como exemplo, existe o Projeto de Lei 490 (PL 490), que determina que são terras indígenas aquelas que estavam ocupadas pelos povos tradicionais até 5 de outubro de 1988. Ou seja, é necessária a comprovação da posse da terra no dia da promulgação da Constituição Federal.
Há também a tese do Marco Temporal, que propõe que sejam reconhecidos aos povos indígenas somente as terras que estavam ocupadas por eles na data de promulgação da Constituição Federal – 5 de outubro de 1988. É importante que a juventude indígena se aproprie dessas discussões.
No segundo dia, o coordenador da geral do CCPIO Edmilson iniciou a reunião falando sobre a importância da participação dos jovens nas reuniões, e falou que os jovens são o futuro para suas aldeias, seu povo e seu território. Logo após, discutiu-se sobre tomadas de decisões, tema muito importante para o futuro do movimento. Foi realizada uma dinâmica para entender o processo de tomadas de decisões e, posteriormente, estruturar o regimento interno da organização. A dinâmica foi organizada em pequenos grupos para discutir e organizar propostas para o regimento interno.
Logo após as apresentações, ficou para que a plenária escolhesse a nova forma de coordenação, após diversos debates, a plenária chegou ao consenso de que cada povo deveria ter uma representação na coordenação da OIJO. Ocorreu também a escolha dos representantes regionais para que possam ajudar no desenvolvimento das atividades internas da organização.