Texto: Thaís Herrero
Os açaizais nativos de 25 aldeias das Terras Indígenas do Oiapoque receberam intervenções de manejo de baixo impacto, visando a otimização da produção e a garantia da manutenção do ecossistema local. Pela primeira vez na região, a atividade incluiu a produção de um inventário florestal, que identificou espécies tanto em nomes indígenas quanto em português, e o plaqueamento das árvores, facilitando futuras intervenções.
Divididas em duas etapas (de 11 a 21 de outubro e de 11 a 18 de novembro), as atividades foram conduzidas pela consultora Roselis Mazurek, pela assessora do Iepé, Diocelia do Nascimento, e por Haroldo dos Santos, servidor da Funai, contando ainda com o apoio de técnicos indígenas da Aldeia Açaizal e de um conhecedor experiente das espécies florestais locais.
“O objetivo central foi otimizar a produção de açaí e assegurar a conservação do ecossistema, promovendo sustentabilidade a longo prazo para as comunidades locais,” explica Roselis Mazurek, consultora do Iepé.
O manejo dos açaizais acontecem de forma periódica e são importantes para que a produção se mantenha, pois a venda de açaí é uma importante fonte de renda para muitas famílias.
Manejo de mínimo impacto
O manejo de mínimo impacto é uma técnica desenvolvida pela Embrapa e se destacou como uma alternativa viável e sustentável para a produção de açaí. A técnica envolve a remoção seletiva de árvores e o plantio estratégico de açaizeiros utilizando sementes, mudas ou transplantes da região. Esse sistema agroflorestal busca aumentar a produtividade e conservar a biodiversidade.
Nos anos anteriores, parcelas de 50 metros por 50 metros, subdivididas em quatro subparcelas de 25 metros por 25 metros , foram estabelecidas para um levantamento detalhado da vegetação. Com base nesse levantamento, foi planejada a remoção seletiva de algumas árvores para equilibrar a produção de açaí e a manutenção da biodiversidade.
Plaqueamento bilíngue e inventário
Neste ano, inovações foram implementadas para melhorar a eficiência do manejo, incluindo a georreferenciação das áreas ainda não mapeadas, utilizando GPS. Além disso, cada árvore com diâmetro acima de 15 cm foi medida e identificada com plaquetas que trazem nomes populares em português e, sempre que possível, nas línguas nativas. Isso permitirá o acompanhamento individual do crescimento das árvores e o planejamento de ações como anelamento, replantio e outras práticas de manejo.
O manejo sustentável envolveu 293 indígenas, além de uma equipe de nove profissionais composta por cinco indígenas, dois representantes da Funai e duas assessoras do Iepé. As atividades ocorreram em 24 aldeias: Açaizal, Santa Isabel, Japiim, Flamã, Karibuen, Kumarumã, Uahá, Kunanã, Ariramba, Galibi, Curipi, Piquiá, Kuahi, Ahumã, Kariá, Tuluhi, Estrela, Ykawkun, Ywawka, Samaúma, Tukay e Anawerá.
“A participação ativa das comunidades foi essencial para o sucesso das atividades, que buscam fortalecer a produção de açaí como uma importante fonte de renda para os povos indígenas do Oiapoque, ao mesmo tempo em que promovem a conservação dos recursos naturais e a valorização do conhecimento tradicional”, disse Roselis.
A atividade de manejo de baixo impacto dos açaizais teve apoio da Funai, da Rainforest Noruega, da Agência Francesa de Desenvolvimento AFD/FFEM e da The Nature Conservancy (TNC)