Iepé contrata consultor especializado em Letramento e Noções de Matemática para Povos Indígenas de Recente Contato

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Este Termo de Referência visa à contratação de um CONSULTOR ESPECIALIZADO EM LETRAMENTO E NOÇÕES DE MATEMÁTICA PARA POVOS INDÍGENAS DE RECENTE CONTATO para executar atividades relacionadas ao projeto “Bem Viver Sustentável” financiado pelo BNDES, com recurso do Fundo Amazônia, Terra Indígena Zo’é -PA.

O Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena é uma entidade da sociedade civil sem fins lucrativos, criada em 2002, cuja missão é contribuir para o fortalecimento cultural, político e para o desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas que vivem no Amapá e norte do Pará, proporcionando-lhes assessoria especializada e capacitação técnica diversificada, entre as quais estão gestão de projetos, valorização e gestão de patrimônios culturais, educação escolar diferenciada, educação em saúde, fortalecimento político e gestão territorial e ambiental. Sua atuação é pautada pelas demandas indígenas de formação e de capacitação, visando o fortalecimento de suas formas de gestão comunitária e coletiva. Além disso, o Iepé se dedica a monitorar as políticas públicas indigenistas e ambientais que incidem sobre estas comunidades, agindo no sentido de influenciá-las positivamente para que os direitos destas populações enquanto povos diferenciados sejam respeitados.

O Iepé conta com uma equipe multidisciplinar, estruturada em programas e linhas de atuação, mantendo quatro escritórios: em Macapá(AP), em Oiapoque(AP), em São Paulo(SP) e Satarém(PA). Nosso organograma de trabalho inclui diretoria, coordenação executiva, setor administrativo-financeiro e programas locais (Wajãpi, Tumucumaque, Oiapoque, Zo´é e Articulação Regional). O cotidiano da instituição se divide em atividades institucionais, administrativas e em campo, nas aldeias. Mais informações no site da instituição: www.institutoiepe.org.br

Contexto do trabalho

Os Zo’é são um povo indígena Tupi-Guarani que habita o interflúvio Erepecuru-Cuminapanema, na Calha Norte do Pará. Levantamentos mais recentes indicam que a população Zo’é em 2013 seria de 269 indivíduos (BRAGA, sd FUNAI). Os Zo’é entraram para a história como um dos últimos povos “intactos” na Amazônia. Seu contato com missionários protestantes norte-americanos e com sertanistas da FUNAI foi largamente noticiado pela mídia, que em 1989 divulgou as primeiras imagens deste povo, até então vivendo uma situação de isolamento. A FUNAI tinha conhecimento da existência do grupo desde pelo menos o início dos anos 70, quando procedeu ao levantamento dos grupos isolados que estavam na rota da construção da rodovia Perimetral Norte (BR-210).

Apenas nesta última década os Zo’é vêm experimentando a convivência com brancos, que para eles significa: a introdução de tecnologias de alto impacto e consequente,  atração em torno de postos de assistência, instalados dentro de seu território em função dos interesses dos brancos, a subsequente aparição de novas doenças que, por sua vez, consolidam a concentração de sua população em torno dos postos de assistência. A TI Zo’é foi homologada em dezembro de 2009, e embora tenha sido reconhecida pelo Estado Brasileiro há mais de uma década, atualmente é possível perceber que os Zo’é ainda não se apropriaram das concepções de Terra Indígena tais como definidas pela Constituição Federal. Por essa razão, e considerando o atual contexto político e econômico brasileiro, o território zo’é ainda se encontra, de certa forma, vulnerável às entradas ilegais de garimpeiros, missionários, madeireiros e outros povos indígenas da região. A proposta de sensibilização e elaboração de um PGTA para a Terra Indígena Zo’é articula-se às diretrizes do Programa Zo’é, que é um dos programas piloto da política pública da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato – CGIIRC/Funai para povos de recente contato.

Atividades a serem realizadas

-Colaborar no desenvolvimento da proposta da Casa dos Mapas na Terra Indígena Zo’e (Kusiweha rupa), no âmbito do Programa Piloto da Funai (CFIIRC/FPEC). Mais especificamente, colaborar na gestação de um plano aberto de vivências de letramento – no âmbito da elaboração participativa do Programa de Gestão Territorial e Ambiental Zo’é.

– Fomentar o engajamento de toda a equipe no pensamento e execução de atividades e materiais de apoio ao letramento e à gestão territorial fornecendo informações contextualizadas nas atividades de mapeamentos e recenseamentos, sensíveis aos anseios Zo’é de controle das relações com interlocutores, modos de conhecimentos ou “coisas” outras, e aos dilemas da tradução cultural.

– Conforme o plano aberto de vivências e letramento, propor e desenvolver atividades com/e para as equipes que ficam mais tempo em campo para escrita zo’é, português oral, ou primeiras contas e noções matemáticas. De partida, atividades mais informais, individualizadas ou em cronogramas familiares, evitando assim um modelo de escola formal para o trabalho.

 

– Construir, com a colaboração da equipe, avaliações dos efeitos imediatos, de médio e de longo prazo, dessas intervenções.

– Permanência na Terra Indígena de 20 dias em cada etapa sendo 3 etapas de campo ao ano, com dedicação total de 4 meses ao ano.

– Reuniões de planejamento e avaliação com as equipes do Iepé e Funai.

Produtos a serem entregues

– Plano de vivências e letramento para o povo Zo’é;

– Relatório de todas as atividades desenvolvidas com registros fotográficos e listas de presenças;

– Relatórios de avaliação das intervenções propostas;

Além das atividades relacionadas acima o consultor deverá:

– planejar com antecedência de 1 mês suas entradas na TI, junto com a equipe do programa e o setor administrativo da instituição. Tempo esse necessário para compra de passagens e demais insumos necessários para a atividade;

– solicitar ao setor administrativo/logística com 15 dias de antecedência os materiais necessários para as atividades;

– participar no desenvolvimento de implantação de alternativas de logística, visando adequação de prazos e redução de custos;

Requisitos:

* Curso superior completo, com mestrado ou doutorado em ciências sociais e afins;

* Experiência comprovada em trabalhos com letramento de povos indígenas;

* Boa comunicação oral e escrita;

* Fluência ou conhecimentos básicos em línguas tupi

* Experiência, interesse e sensibilidade para o trabalho com povos indígenas de recente contato;

 

* Habilidade e facilidade para trabalho em equipe;

* Disponibilidade para viagens a campo;

* Gerenciar o tempo e diversas atividades com prazos determinados;

* Finalizar tarefas de forma independente, respeitando prazos.

Condições:

Remuneração compatível com o mercado. Todas as despesas logísticas e de alimentação em TI serão cobertas pelo Iepé.

Os interessados devem enviar:

1) Curriculum Vitae;

2) Carta de apresentação (a carta deve conter necessariamente a remuneração pretendida);

3) Contatos de pelo menos dois profissionais que possam fornecer referências sobre o candidato. A documentação solicitada deverá ser enviada para o email [email protected] indicando no assunto da mensagem “Consultoria Zoé ”, até 13 de novembro 2016.

Baixe o TdR aqui.

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