Texto: Iepé | 20 de agosto de 2021
Ao longo de julho e agosto, as mulheres wajãpi estão organizando e ministrando uma série de oficinas de tecelagem nas aldeias da Terra Indígena Wajãpi. O objetivo é fortalecer a transmissão de saberes relacionados à tecelagem de algodão para meninas e moças, gerando o interesse pela prática principalmente das mais jovens. No total, serão 13 oficinas com a participação de 140 alunas entre 12 e 25 anos, além de 13 coordenadoras e 23 professoras.
As alunas wajãpi estão aprendendo a tecer vários padrões da arte gráfica kusiwa na confecção de bolsas e de tipoias utilizadas para carregar bebês. Em algumas aldeias, também estão se exercitando na produção de redes de trama aberta e de trama fechada, que não são decoradas com os padrões kusiwa.
Na produção das redes, os punhos são feitos pelos homens, com fibras da bromélia curauá, que utilizam para a confecção de vários tipos de cordas.
O treinamento está sendo realizado com fios de algodão industrializados devido à escassez atual do algodão plantado pelas mulheres wajãpi, que tradicionalmente fabricam seu próprio fio. Em breve, o Iepé, com apoio da União Europeia, dará início a um projeto para fortalecer a produção interna de algodão.
Parte das peças produzidas durante as oficinas será utilizada pelas próprias mulheres e parte será destinada à comercialização pelo Fundo de Artesanato Wajãpi da Associação Wajãpi Terra, Ambiente e Cultura (Awatac).
Esse ciclo de treinamento integra o Projeto Economia da Floresta/ForEco que o Iepé está desenvolvendo para apoiar cadeias produtivas da sociobiodiversidade no Amapá e norte do Pará, com apoio da Rainforest Foundation da Noruega.