Feira de Produtos Indígenas retorna a Oiapoque

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Parada desde o início da pandemia, a Feira de Produtos Indígenas voltou a oferecer alimentos e artesanatos dos quatro povos da região do Oiapoque e será mensal

13/09/2021| Texto: Marcela Jeanjacques e Marcelo Domingues

Com a proposta de fortalecer a agricultura e a cultura indígena, a Feira de Produtos Indígenas na cidade de Oiapoque (AP) foi retomada no mês de setembro. A feira traz produtos dos sistemas agrícolas tradicionais, como frutas, verduras, legumes, tucupi e diversos tipos de farinha e óleos medicinais produzidos por quatro povos indígenas. E passa a acontecer de forma regular em toda primeira quinta e sexta-feira de cada mês.

Uma das novidades da Feira de Produtos Indígenas do Oiapoque é que artistas também estarão expondo seus trabalhos, como já aconteceu na primeira edição de setembro. Um dos grupos participantes é o Aramari da Amazônia, formado por jovens artesãos da etnia Karipuna e que, desde o início da pandemia, tem vendido seus trabalhos pela internet. 

Produtores expondo na feira, que voltou neste mês de setembro, após interrupção devido à pandemia (Foto: Marcelo Domingues / Iepé)

Segundo Tairene Aniká, artesã do Aramari da Amazônia, a feira é muito importante para valorizar a  cultura indígena. “Aqui podemos mostrar um pouco dos produtos indígenas, artesanatos e plantas medicinais. Tudo isso para que os moradores de Oiapoque possam valorizar um pouquinho mais da cultura indígena. Está sendo muito gratificante participar pela primeira vez da feira. A gente espera que, daqui em diante, possamos continuar assim”, disse.

Tairene Aniká, artesã do coletivo Aramari da Amazônia, mostra um dos produtos à venda na feira  (Foto: Marcela Jeanjacques)

Outro coletivo de artistas que está participando da feira é o Waçá-Wará. De acordo com Davi Marworno, a proposta do coletivo é ter cada vez mais a presença da produção artística, tanto tradicional quanto contemporânea. “Hoje cada artista desenvolve técnicas diferentes e a proposta artística de cada um é diferente também. Você vai perceber isso nas criações que os jovens, que trazem esses elementos da cultura tradicional e, ao mesmo tempo, têm uma leitura diferente, mais contemporânea do mundo das artes”, explicou Davi.

É possível encontrar na barraca de artes cestos, peneiras, anéis, pulseiras, colares, tiaras, bolsas, gravuras e outros artigos. “A feira é muito importante para nós, indígenas, porque é por meio dela que muitas vezes vendemos nossos artesanatos e tiramos nosso sustento. Ter a feira aqui no município é muito satisfatório”, conta Bernadete, da etnia Karipuna.  

Davi Maworno, artista do coletivo Waçá-Wará, que está expondo na feira de Oiapoque.   (Foto: Marcela Jeanjacques)

A Feira de Produtos Indígenas proporciona a interação cultural entre os quatro povos do Oiapoque presentes na feira. Os agricultores e artistas trocam experiência entre si e mostram o que cada um produz em suas aldeias. O diálogo e a interação também aconteceram entre os produtores e artistas diretamente com os consumidores, fortalecendo a organização dos agricultores e criando a oportunidade dos moradores de Oiapoque terem produtos saudáveis e  livres de agrotóxicos em suas mesas. 

Ao final da primeira edição da feira, foi realizada uma avaliação para que os produtores pudessem falar o que acharam e como poderiam melhorar. Os feirantes avaliaram muito bem a experiência dos dois dias, com 80% das produções vendidas. Para melhorar ainda mais o escoamento, eles já estão pensando em adicionar um dia de vendas aos sábados,  para alcançar os turistas que vem da Guiana Francesa.

Bernadete Karipuna com seus artesanatos à venda. “É por meio da feira que vendemos nossos artesanatos e tiramos nosso sustento.” (Foto: Marcela Jeanjacques)

A Feira de Produtos Indígenas do Oiapoque é um evento organizado pelo Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena com o apoio da Prefeitura Municipal do Oiapoque, Funai e do Museu Kuahí, em parceria com o Conselho dos Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque e da Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão. Segundo a assessora indigenista do Iepé Estefany Furtado, o objetivo é valorizar e escoar as produções indígenas. “No curso de boas práticas para feirantes, ocorrido há dois meses, vimos que os valores dos produtos estavam abaixo do valor de produção. Foi feita uma nova lista com os valores atualizados, o que gerou um pouco de apreensão. Mas eles venderam bem”, contou.


Segundo os agricultores, há mais pessoas nas comunidades que pretendem participar das próximas edições da feira. “Isso me deixa muito feliz pois o projeto está sendo produtivo para as comunidades indígenas de Oiapoque”, conclui Estefany.

A Feira de Produtos Indígenas do Oiapoque foi retomada e passará a acontecer mensalmente. (Foto: Marcelo Domingues/ Iepé)

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