Texto: Cristian dos Santos, Denise Mirella, Edian dos Santos, Edileuza Monteiro e Sebastian Lod
“Descobri a realidade do que é ser um jovem comunicador. É muito diferente do que eu pensava. Estou gostando muito, as informações são muito boas e poderei repassar pra minha comunidade”, disse Cristian dos Santos, de 21 anos e que mora na aldeia Santa Isabel, na Terra Indígena Uaçá. Ele é um futuro enfermeiro ou psicólogo.
É a primeira vez que Cristian está participando da Oficina de Jovens Comunicadores. Esse é o segundo módulo e durou quatro dias, entre 16 e 19 de junho de 2022, ocorreu na aldeia Galibi, na Terra Indígena Galibi, no Oiapoque (AP). Foram 19 participantes de regiões diferentes e que estão representando quatro etnias: Karipuna, Galibi Kali’na, Galibi Marworno e Palikur. O primeiro encontro havia sido em dezembro de 2021.
“Quando me convidaram eu não sabia o tempo que ia durar nem o que era o curso. E o que me chamou mais atenção foi ser jovem comunicador, aprender sobre as outras comunidades e repassar para a minha comunidade. Estou aprendendo novas coisas, como fazer, editar vídeos e fotos. Eu já estudei pedagogia e aqui é bem diferente. Os parentes trazem outras realidades. É bom aprender com os outros, compartilhar informação e o respeito entre nós”, contou Edileuza Monteiro. Ela tem 32 anos, é Galibi Marworno e mora na aldeia Kumarumã, na Terra Indígena Uaçá.
A seguir, um pouco do que aconteceu na oficina:
Dia 1: Foi a chegada dos jovens na Terra Indígena Galibi. Soubemos da programação e fizemos apresentações dos trabalhos do primeiro módulo.
Foi legal ver o que produzimos nas aldeias, como usamos os materiais (celulares e microfones) que ganhamos no primeiro módulo. Sebastian Lod, por exemplo, entrevistou sua avó sobre contos. “Nosso trabalho era entrevistar os velhos Kali’na sobre as histórias que eles sabem desde pequenos. Foi um aprendizado. Ela disse um conto em que os bichos imitavam as vozes das pessoas tentando confundir eles quando iam para as roças”, relatou. Sebastian quer ser fisioterapeuta.
Dia 2: Focado em aprender sobre o que são desinformações. Trocamos experiências sobre como foi a pandemia nas aldeias. Relembramos o que aprendemos no outro curso. Pela tarde, nós fizemos uma dinâmica em equipes apresentando trabalhos e reportagens que poderiam ser verdadeiros ou falsos. Foi muito importante diferenciar o fake do verdadeiro para levar o tema para dentro das comunidades. “Égua, peraí, o quê?” foi uma atividade e um jeito para ajudar a descobrir o que é fato ou fake. Pela noite assistimos um filme “Ainbo – A guerreira da Amazônia”.
Dia 3: Logo pela manhã teve o café com bolo de macaxeira e todo mundo gostou. Depois Sonia Jeanjacque falou do lado obscuro da internet, a deep web. Ela está finalizando o curso de direito na Universidade Federal do Amapá (Unifap). Foi muito importante a gente ter a noção do que vai publicar, compartilhar, como criar uma senha difícil e segura, com mais de 8 caracteres. De tarde, Luene Karipuna falou de política e do indigenismo. E teve uma dinâmica sobre “O que eu tenho a ver com isso?” para falar sobre a política nas Terras Indígenas.
E agora estamos produzindo uma reportagem sobre o que ocorreu nesses dias do curso, que você está lendo.
“Estou achando muito interessante, cada vez coletando mais conhecimento”, disse Denise Mirella, que gosta de escrever. Ela tem 16 anos, é do povo Karipuna, e mora na aldeia Kunanã, Terra Indígena Juminã. É uma futura pediatra ou jornalista.
“Estou achando ótimo o curso para ter mais conhecimento sobre as fake news e levar para a minha aldeia não fazer isso”, falou Edian Santos, de 18 anos e do povo Karipuna. Ele mora na aldeia Açaizal, da Terra Indígena Uaçá. Edian é um futuro médico, jornalista ou pintor.
*O texto e as fotos foram preparados pelos jovens como parte um exercício sobre produção de conteúdo durante a Oficina de Jovens Comunicadores do Oiapoque. A oficina foi realizada pela assessoria de comunicação e o Programa Oiapoque do Iepé com apoio do projeto Enraizado na Confiança, da Internews.