Texto: Martha Costa
Você já ouviu falar de cadeias produtivas? Os povos e populações tradicionais dos estados do Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, dos territórios indígenas Wayamu e Tumucumaque, conhecem bem a importância do tema e estão participando de um encontro na Vila de Alter do Chão (PA). Até domingo (05 de dezembro) eles irão debater junto ao Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena e ao Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) os desafios e soluções para o aprimoramento das cadeias produtivas da castanha, copaíba, cumaru, farinha de mandioca, pimenta, mel e artesanato, todos produtos da sociobiodiversidade.
Natasha Mendes Cavalcante, coordenadora adjunta do Programa Tumucumaque, falou sobre o objetivo do encontro que reuniu mais de 60 lideranças que atuam nas mais diversas cadeias produtivas. “Estamos realizando esse grande encontro de cadeias produtivas junto aos territórios pensando nos principais desafios e gargalos para o desenvolvimento das cadeias do cumaru, castanha, copaíba, mel, pimenta e o artesanato. Esse encontro é uma parceria com o Imaflora, que construiu um diagnóstico sobre as cadeias produtivas nos territórios Wayamu e Tumucumaque leste e oeste e vamos discutir também as atividades para o ano que vem,” disse.
Durante a programação foram apresentados o diagnóstico das cadeias produtivas. Léo Ferreira, coordenador de projetos do Imaflora, contou que o aperfeiçoamento da produção, principalmente nas cadeias do óleo da copaíba e castanha, teve início em 2011 junto aos povos quilombolas de Oriximiná.
“O primeiro passo foi entender o tamanho da produção para buscar empresas para estabelecer parceria com as comunidades quilombolas. A gente trabalhou a rastreabilidade dos produtos, boas práticas, formação de entreposto e emissão de notas fiscais”, recordou Léo após citar a formação da Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte. A cooperativa uniu indígenas, quilombolas e assentados, contribuindo para as melhorias das cadeias produtivas que hoje possuem um leque de produtos da sociobiodiversidade.
Outro tema importante debatido no encontro foi o selo Origens Brasil, presente em comunidades de dentro de áreas protegidas da Amazônia e trabalha a rastreabilidade dos produtos, valoração e valorização dos produtores da sociobiodiversidade.
“O Origens Brasil conecta povos tradicionais, indígenas, assentados e empresas em uma rede de apoio que busca um comércio mais ético”. ressaltou Patrícia Machado, coordenadora de articulação territorial do Imaflora. Ela explicou também que o selo é operado por um código QR. “O selo Origens Brasil conta a história do produto e tira da invisibilidade esses povos que estão nas comunidades. Por meio dele, o consumidor conhece a cadeia produtiva completa do que está comprando e consumindo”, disse.
Estão presentes no encontro, que segue até o dia 05 de dezembro, representantes das Terras Indígenas do Tumucumaque, Paru d’este, Nhamundá-Mapuera, Trombetas-Mapuera e Kaxuyana- Tunayana, além da Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte, que atua na cadeia produtiva da castanha, copaíba, cumaru, farinha de mandioca, pimenta, mel e artesanato.