Texto: Rita Lewkowicz
Vinte representantes de doze organizações indígenas do Oiapoque participaram de uma oficina sobre gestão de projetos visando a melhoria do planejamento e do dia a dia de suas atividades. Ocorrida em 11 e 12 de abril, a oficina foi fruto de uma parceria do Instituto Iepé com a Associação das Mulheres em Mutirão (AMIM) e o Conselho dos Caciques dos Povos do Oiapoque (CCPIO).
Quem toma as decisões? Como é a participação dos jovens e mulheres? Qual o papel de cada um na execução dos projetos? Essas foram algumas das questões respondidas pelas organizações, compartilhando seus processos de tomada de decisão e a definição dos problemas e atividades prioritárias de cada associação ou coletivo.
“Tem coisas simples que a diretoria pode decidir. Mas tem outras decisões maiores das quais todos os sócios precisam participar e que são discutidas em assembleia”, explicou Emerson Vidal, da Articulação do Rio Oiapoque (AIRO).
Ao longa da oficina, os gestores das organizações compartilharam suas experiências com a execução de projetos e os desafios enfrentados para a manutenção das associações. Muitos deles enfatizaram a importância das reuniões com as aldeias, sendo essa a base de seus trabalhos.
Mara Karipuna, da Associação Indígena do Povo Karipuna (AIKA) destacou o trabalho dos jovens, principalmente na comunicação, que já acontece hoje, garantindo mais transparência na divulgação das atividades. “Temos mulheres dentro da diretoria e jovens também. Temos os jovens que trabalham com a gente na parte da comunicação para publicação dos nossos trabalhos no território. Temos colocado esse equilíbrio na associação”, disse.
Outra pauta levantada foi a importância de considerar sempre a transição entre diretorias e a formação de novas lideranças para assumirem esses papéis.
Além da formação sobre os diferentes elementos de um projeto, as formas de elaboração, execução e prestação de contas, a oficina também teve como objetivo a capacitação para a elaboração de projetos para a Chamada de Projetos 001/2023 do Iepé.
Como disse Kassia Lod, da Associação Nana Kali’nã, o trabalho é incessante quando se trata da defesa dos direitos dos povos indígenas. “A gente faz uma peneira, define coletivamente o que é prioritário. E, quando vencemos uma batalha, partimos para a outra. Vamos vencendo as demandas por etapa, para ter foco”, refletiu.