Artistas indígenas do Amapá fazem exposição em três estados do Brasil

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O coletivo de artistas do Oiapoque Waçá-wará foi selecionado para a Mostra Sesc Amazônia das Artes e estarão em exposição no Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. A mostra tem como objetivo destacar artistas da Amazônia Legal.

Texto: Thaís Herrero

Partindo do ponto onde o Brasil começa, os artistas do Oiapoque (AP) estão ganhando cada vez mais espaço e relevância pelo país. O coletivo Waçá-wara é uma das atrações da Mostra Sesc Amazônia das Artes, com exposições em três capitais da Amazônia Legal: São Luís (MA) entre 4 de maio a 02 de junho, em Palmas (TO) de 4 de julho a 04 de agosto, e em Cuiabá (MT) de 17 de agosto a 17 de setembro. 

A exposição do coletivo traz 38 obras que misturam os conhecimentos e práticas tradicionais dos povos indígenas do Oiapoque com expressões artísticas contemporâneas, como pinturas em tela, desenhos digitais, artes em cuias e gravuras. 

O coletivo representa os quatro povos indígenas do Oiapoque e todas as obras apresentadas foram produzidas em alguma das três Terras Indígenas da região. Os autores que estarão representando o coletivo são Milton Nunes, do povo Galibi Marworno, Keyla Palikur, do povo Palikur, Yermollay Caripoune, do povo Karipuna, e Manulí. Esse último se constitui em um grupo de mulheres artesãs do povo Galibi Kali’nã.

Keila Palikur segura um de seus desenhos
Keila Palikur com suas obras emolduradas que serão expostas na mostra Sesc Amazônia das Artes. (Foto: Marcela Jeanjacque)

Yermollay Caripoune estará presente na abertura da exposição em São Luis e está animado por sair do seu município e levar a arte do Amapá aos outros estados do Brasil. “Espero ter o reconhecimento da minha cultura, que é muito rica”, diz.

Entre as referências de Yermollay estão os espíritos da cosmovisão do seu povo, que ele apresentará em uma oficina. “Trago muito isso na tela e na oficina vou mostrar os três mundos: o das almas, que é o de cima, o do meio, onde vivemos, e o debaixo, que é o mundo das águas. E mostrar isso nos grafismos”, conta. 

O coletivo fez sua primeira exposição em agosto de 2022 durante a Assembleia da Coordenação dos Povos Indígenas da Amazônia (Coiab), que aconteceu no Oiapoque. “A experiência de ter uma primeira exposição foi importante e estimulou o coletivo a pensar em outras possibilidades. Quando soubemos do processo de seleção do Sesc, acreditamos que o coletivo teria muito a contribuir, levando a arte indígena para diferentes públicos e chamando a atenção para a importância de valorizar e apoiar as manifestações dessas artes”, diz Marcelo Domingues, assessor indigenista do Iepé e um dos organizadores da exposição junto ao coletivo.

Yermollay Caripoune em frente à placa de exposição do Sesc Amazônia das Artes em São Luís. (Foto: Marcelo Domingues/ Iepé)

Sobre o Sesc Amazônia das Artes

O Sesc Amazônia das Artes é uma mostra que acontece em dez estados, sendo nove da Amazônia Legal, mais o Piauí como convidado. A mostra se propõe também como uma rede de intercâmbio das artes e da cultura que, ao promover o encontro de artistas e maior visibilidade, desenvolve e potencializa a produção artística e cultural na região.

Toda a programação é gratuita e conta com apresentações e capacitação em diferentes áreas como Artes Cênicas, Música, Teatro, Circo, Dança, Audiovisual, Literatura e Artes Visuais. Mais informações nas redes sociais do Sesc Maranhão.

Conheça algumas das obras em exposição

Obra “Maiho Ué ué – Flecha do gavião”, de Yermollay Caripoune. Ela representa um grande gavião, Maiho Ué Ué que existia há muito tempo e flechava muitos peixes no médio Rio Kuripí, Oiapoque.
Gravura do coletivo Manulí, que representa o lagarto.
Obra “Aramari”, de Milton Nunes. Na cuia tem-se a representação do pai da cobra grande, que encantou o Palikur Yakaikani até que ele se transformasse em cobra grande.
Obra “Waw”, de Keila Palikur, artista jovem que se preocupa com a representação de mulheres em sua obra.

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