Mulheres do Araguari participam de troca de conhecimentos com comunidades do Pará

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O intercâmbio entre gestores de Unidades de Conservação e representantes de comunidades tradicionais teve como objetivo potencializar cadeias produtivas e negócios de base comunitária

Texto: Thaís Marianne Martins Marques

Representantes da Associação de Mulheres Sementes do Araguari participaram de um intercâmbio entre gestores de Unidades de Conservação (UCs) e representantes de comunidades da região do Tapajós e outras regiões do Brasil. O objetivo foi apoiar o fortalecimento da governança das UCs e seus entornos, além de potencializar cadeias produtivas e negócios de base comunitária.

Entre as pautas estavam as trocas de experiências em iniciativas de desenvolvimento das cadeias produtivas da sociobiodiversidade, conectadas ao Turismo de Base Comunitária como elemento difusor da bioeconomia. 

Arlete Pantoja, que é presidente da Sementes do Araguari, Gloriaci Pantoja e Doraci Nascimento acompanharam no intercâmbio, entre 25 e 28 de abril, os 31 participantes que representavam 23 instituições. Elas puderam contar sobre a experiência, ainda recente, de Turismo de Base Comunitária que vêm testando em sua região do Rio Araguari. Por enquanto, apenas algumas famílias recebem os turistas, mas em breve poderão exercer a atividade com apoio da Associação.

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Mais de 30 participantes se reuniram para trocar experiências e boas práticas sobre gestão de negócios comunitários. (Foto: Júnior Albuquerque/CI-Brasil)

Agenda do encontro

Ao longo do intercâmbio, passamos por cinco comunidades pertencentes à Flona Tapajós e à Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns. Em cada uma delas vivenciamos atividades diferentes. 

Na primeira comunidade, a Anã, conhecemos o meliponário e a criação de peixe em tanques. Também almoçamos no restaurante local, onde a comida é, em sua maioria, produzida com insumos da comunidade.

No segundo dia, estivemos na comunidade de Coroca. Entre os atrativos havia a criação de tartarugas e tracajás, o meliponário e conhecemos o artesanato local. A comunidade conta com um flutuante em um lago, no qual é possível alimentar as tartarugas adultas, e também conta com uma lojinha comunitária, na qual são vendidos mel e o artesanato feito com palha de tucumã.

Uma das atividades de integração foi a apresentação de produtos com os quais as comunidades trabalham. (Foto: Thaís Marianne Martins Marques/ Iepé)

Ainda no segundo dia, enquanto estávamos na comunidade de São Marcos, os intercambistas foram agraciados com uma piracáia (como se chama no Pará o peixe assado na praia). Houve apresentação de músicas regionais como uma forma de integrar ainda mais os visitantes com os comunitários.

A comunidade de Urucureá foi o destino no nosso terceiro dia. Nela, conhecemos o artesanato feito pelas mulheres com a palha do tucumã. Vimos todo o processo, do início até a finalização das peças de artesanato.

Por fim, no último dia de atividade, acompanhamos o trabalho de duas associações: a Asmorja, que trabalha com o couro da borracha para fazer biojóias e outros produtos artesanais feitos de látex da seringueira, e a associação Amélias. As mulheres desta última trabalham com a extração de óleo de andiroba, copaíba, biojóias, sabonetes naturais e vela de copaíba.

Entre a finalização das atividades, os participantes do intercâmbio tiveram que apresentar ideias do que poderia ser melhorado em cada comunidade e o que levariam para as suas próprias como aprendizado. A atividade foi bem interessante. As mulheres da Sementes do Araguari propuseram algumas ideias, principalmente sobre a coleta de óleos e produção de biocosméticos, já que esta é a especialidade das ribeirinhas do Amapá. 

Artesanatos de palha de tucumã produzido na comunidade de  Urucureá (PA). (Foto: Naildo de Jesus)

Sobre o projeto Tapajós Sustentável e Resiliente

O intercâmbio entre gestores de UCs e representantes de comunidades se deu por meio do Projeto Tapajós Sustentável e Resiliente. Iniciado em 2018, o projeto e visa apoiar o desenvolvimento de cadeias produtivas e sustentáveis de produtos florestais não madeireiros, a verticalização da produção madeireira e estudos estratégicos sobre as cadeias produtivas florestais, fortalecimento das organizações sociais de base comunitária e de conselhos gestores das Unidades de conservação.

O projeto abrange oito municípios da região do Tapajós: Aveiro, Belterra, Itaituba, Jacareacanga, Placas, Rurópolis, Santarém e Trairão, que estão inseridas as Florestas Nacionais do Tapajós, do Trairão e Itaituba I. Juntos, somam 18 milhões de hectares aproximadamente, ou 14% do território do Pará.

O projeto Tapajós Sustentável e Resiliente está sendo desenvolvido pela Conservação Internacional (CI – Brasil), associação privada sem fins lucrativos, que atua na conservação da biodiversidade, incentivando o bem-estar humano por meio de fortalecimento da governança, produções sustentáveis e cuidado com o meio ambiente. O financiador da iniciativa é o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio do Fundo Amazônia.

Participantes mulheres do intercâmbio, entre elas as líderes comunitárias. (Foto: Naildo de Jesus)

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