Texto: Thaís Herrero | 7 de maio de 2021
Energia assegurada o dia todo e a partir de uma fonte limpa e barata. É dessa forma que duas aldeias do Oiapoque (AP) estão recebendo eletricidade desde março, quando placas solares foram instaladas graças a uma parceria entre o Instituto Iepé, o Distrito Sanitário Especial Indígena do Amapá e norte do Pará (DSEI ANP), o Projeto Campus Sustentável da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a empresa francesa Easy Watt. O apoio financeiro veio da Embaixada da França.
Os 40 módulos fotovoltaicos foram divididos nos dois postos de saúde das aldeias, Kumenê, onde vive o povo Palikur, e da aldeia Kumarumã, do povo Galibi Marworno. No total, são cerca de 5 mil indígenas que habitam as duas áreas e serão beneficiados.
Os postos foram escolhidos por serem o lugar de referência para os cuidados de saúde nas aldeias, tão importantes durante a pandemia. Além de luzes e da internet, a eletricidade de cada posto irá manter em funcionamento a geladeira de vacinas, o microscópio (usado no exame de malária), o concentrador de oxigênio, o nebulizador e outros equipamentos necessários para o atendimento da população.
Antes da energia solar chegar nas aldeias, os postos dependiam da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) para enviar 22 mil litros de óleo diesel, que eram usados em geradores. Só que nem sempre o combustível chegava no tempo estimado e a energia faltava. Além disso, era comum que os geradores quebrassem. Agora, oito baterias darão suporte para que, mesmo em dias nublados ou chuvosos, a eletricidade esteja disponível por até três dias.
Durante as instalações, representantes indígenas receberam aulas de capacitação para fazer a manutenção dos sistemas de agora em diante. Pensando em como a energia solar pode auxiliar ainda mais os indígenas, fizemos um levantamento da demanda energética de algumas casas para possíveis novos projetos semelhantes.
“Antes das placas solares, devido ao mau fornecimento da energia, não era possível manter vacinas nas geladeiras. Por isso, as crianças demoravam muito tempo para tomar suas vacinas ou nem as tomavam, pois precisavam descer o rio até a Aldeia Manga ou no município do Oiapoque, que fica a 130 quilômetros. E, no posto de saúde, quando era preciso algum atendimento durante a madrugada, isso era feito no escuro com o uso de lanternas”, explica Juan Morais, auxiliar administrativo do Iepé e que participou da instalação das placas. Alguns indígenas contaram a ele que perderam parentes devido à falta de energia nos atendimentos médicos. “A comunidade ficou muito feliz e aceitou a energia com muita expectativa”, diz Juan.