Texto: Alessandra Lameira| 18 de outubro de 2021
Um grupo de pesquisadores vem realizando expedições desde agosto de 2019 em busca das árvores gigantes da Amazônia. O Projeto de pesquisa é financiado pelo Fundo Iratapuru e Fundo UEAP, sob coordenação do Instituo Federal do Amapá, Campus Laranjal do Jari.
Na primeira expedição, que ocorreu em agosto de 2019, os pesquisadores brasileiros e britânicos localizaram a maior árvore da Amazônia, de 88 metros de altura. O exemplar, localizado na Floresta Estadual do Paru, situada no estado do Pará, na Calha Norte do rio Amazonas, é da espécie Dinizia excelsa, conhecido popularmente como angelim vermelho, e tem 5,5 metros de circunferência.
Na segunda expedição, ocorrida em janeiro de 2021, foi encontrada a maior castanheira (Berthollhetia excelsa) já registrada na Amazônia, com 66,66 metros de altura, também localizada na RDS do Rio Iratapuru. Na ocasião também foi encontrado outro angelim vermelho de 79,19 metros de altura e 6,8 metros de diâmetro.
Já a terceira expedição ocorreu em setembro de 2021 no município de Porto Grande, na região do rio Cupixi, nos limites da Floresta Estadual do Amapá. Os pesquisadores encontraram outro angelim vermelho de 85,44 metros de altura e com uma circunferência de 9,45 metros. Essa árvore encontrada é considerada a segunda maior da região Amazônica visitada in loco e a maior árvore já registrada no estado do Amapá.
O doutor em ciências florestais e professor do IFAP Campus Laranjal do Jari, Diego Armando Silva, é o coordenador do projeto Monitoramento Integrado de Árvores Gigantes da Amazônia, e atuou junto a outros pesquisadores de outras instituições de ensino e pesquisa, tais como: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Universidades Federal (Unifap) e Estadual (Ueap) do Amapá, Instituto Federal do Amazonas (Ifam) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As expedições também contaram com a participação ativa das comunidades locais que revelaram forte laço de integração entre a ciência e o conhecimento tradicional.
O projeto pretende mapear ao todo 7 árvores maiores de 80 metros. A próxima expedição será no período de 5 a 7 de novembro, no Assentamento Agroextrativista do Rio Maracá e pretende mapear uma árvore de 83,44 metros de altura.
Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque
Em paralelo às pesquisas realizadas pelo IFAP, houve também, em 2019, a busca das árvores gigantes no Parque Nacional (Parna) Montanhas do Tumucumaque. A expedição foi coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e o apoio do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas nas ações de coleta de dados.
Durante as pesquisas houve diversos registros de árvores gigantes, mas a maior árvore encontrada na unidade de conservação é um angelim vermelho de 82 metros de altura.
A pesquisa faz parte do Programa de Monitoramento da Biodiversidade (Programa Monitora) do ICMBio, que tem como objetivo coletar dados sobre a conservação da biodiversidade em unidades de conservação brasileiras. O Parna do Tumucumaque, com o apoio do IPÊ, que trouxe a visão mais participativa de diálogo e envolvimento da comunidade, buscando fortalecer o diálogo em torno das questões ambientais, com base no compartilhamento de informações e na formulação de questões, envolvendo pesquisadores, gestores das áreas protegidas e as populações tradicionais.
Mosaico da Amazônia Oriental
A maior parte das árvores gigantes foram encontradas nas áreas protegidas do Mosaico da Amazônia Oriental. Sua área abrange seis Unidades de Conservação e três Terras Indígenas, que somam cerca de 12.397.347 hectares.
As áreas protegidas que compõe o Mosaico da Amazônia Oriental são: Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, Floresta Nacional do Amapá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, Floresta Estadual do Amapá, Parque Natural Municipal do Cancão, Reserva Extrativista Beija-Flor Brilho de Fogo, Terra Indígena Wajãpi, Terra Indígena Parque do Tumucumaque e Terra Indígena Rio Paru D’Este.
O Mosaico da Amazônia Oriental é um canal de informação e diálogo entre todos os que vivem dentro e no entorno das áreas protegidas: os agricultores da Perimetral Norte, os Gestores das UC, os povos Wajãpi, Tiriyó, Katxuyana, Wayana, Aparai e Txikuyana, os extrativistas, as organizações da sociedade civil e os órgãos do governo municipal, estadual e federal. É uma forma de colocar em prática o direito e o dever de todos na proteção do meio ambiente.