Texto: Maria Silveira
O Instituto Iepé participou da mesa redonda “Contaminação por mercúrio na Amazônia e os desafios para implementação da Convenção de Minamata” durante a audiência pública organizada pela Clínica de Direitos Humanos da Unifap (CDH/UNIFAP), Rede Amazônica de Direitos Humanos e Ministério Público do Estado do Amapá (MP-AP).
Durante o evento, o Iepé apresentou as pesquisas e campanhas desenvolvidas para combater a exposição de pessoas ao mercúrio devido o consumo de peixes no Amapá e os impactos do garimpo ilegal nas terras indígenas e florestas protegidas do estado.
As pesquisas apontam que a exposição ao mercúrio traz danos à saúde e afeta o sistema neurológico. As pessoas intoxicadas apresentam tremores, insônia, perda de memória, alterações neuromusculares, dores de cabeça e disfunções cognitivas e motoras. Em pessoas grávidas, o mercúrio pode trazer complicações no desenvolvimento do feto.
Segundo Decio Yokota, coordenador do Programa Gestão da Informação, os peixes coletados no Amapá para um estudo estavam mais de 1 ⁄ 4 acima do limite permitido. “Todas as amostras continham algum tipo de contaminação por mercúrio. É um problema de todo mundo na Amazônia”, pontua Decio.
A vice-coordenadora do Conselho dos Cacique de Oiapoque (CCPIO), Sônia Jeanjaque, explanou a sua preocupação sobre a exposição ao mercúrio nas terras indígenas. “Quando se fala em mercúrio, nossas comunidades indígenas também são afetadas. Na região do Oiapoque sempre existiu garimpo, a água que desce do garimpo chega até minha aldeia e provavelmente estamos contaminados”.
Durante a audiência, a Rede Amazônica de Direitos Humanos também apresentou a proposta de uma minuta para a regulamentação da convenção de Minamata sobre o mercúrio.
A gravação da audiência pública está disponível no canal do YouTube do MP-AP.